Pastel de Bacalhau
A iguaria é feita com 150 gramas de bacalhau do Porto desfiado, temperado com cebola, salsinha e bastante azeite, e coberto com massa fininha de pastel antes de ser frita em óleo bem quente. Ao morder o pastel, se percebe que a maciez, o aroma e o sabor do bacalhau casam perfeitamente com a crocância da massa levemente salgada. Para deixá-lo ainda mais saboroso, acrescente bastante azeite a cada mordida.
As cores e sabores do Mercadão
O Mercado Municipal Paulistano, ou simplesmente Mercadão, como é carinhosamente chamado por todos, é referência nacional em assunto de gastronomia. Por seus corredores coloridos por frutas, verduras, conservas, e especiarias, se encontram os mais diversos produtos e ingredientes, do mais simples ao mais raro.
Ao entrar no Mercadão, o sentimento é de nostalgia. De saudades da época em que sentar em volta da mesa junto de amigos e familiares era rotina. As receitas eram feitas vagarosamente e saboreadas sem pressa. Felizmente, dentro desse espaço gastronômico, é possível encontrar atendimento atencioso e ingredientes de primeira qualidade.
O mercado municipal de São Paulo é dividido em ruas batizadas com letras e números. Ao longo de seus vários corredores, 291 boxes vendem de tudo: de frutas do Amazonas como rambutã e cupuaçu a frutas secas do oriente como damasco e figo, de bacalhau norueguês a ovas de esturjão do Mar Cáspio, de queijos vindos da Serra do Canastra e da Serra da Estrela, de azeitonas gregas a presuntos espanhóis. Diariamente, aproximadamente 14 mil pessoas movimentam 350 toneladas de alimentos. Cada um atrás de aromas, sabores e cores que apeteçam a vida.
O MERCADO MUNICIPAL PAULISTANO
O Mercado Municipal Paulistano foi projetado em estilo eclético pelo arquiteto Francisco Ramos de Azevedo. Sua inauguração, prevista para o início dos anos 30, foi adiada por causa da Revolução Constitucionalista de 1932. Utilizado como quartel-general das tropas paulistas, o local serviu de abrigo para armas e munições. Relata-se que os soldados treinavam a pontaria nos próprios vitrais do mercado.
Em 25 de janeiro de 1933, aniversário da cidade, o mercado foi finalmente inaugurado. Suas características incluem fachadas sóbrias, com colunas internas e externas, e iluminação natural proveniente de clarabóias e telhas de vidro. Os vitrais que completam o conjunto ficaram a cargo do artista russo Conrado Sorgenicht Filho, e têm como temática o cotidiano dos trabalhadores rurais nos tempos áureos do café.
Em 2004, o mercado passou por uma reforma para recuperar sua fachada e seus vitrais. O local ganhou ainda novas instalações como um mezanino com restaurantes, sala de eventos, além de fraldário e vestiário.
Boxes para todos os gostos
Num dos boxes do mercado, um freguês inspeciona com o olhar as diferentes tonalidades de vermelho de uma melancia. Assentada sobre um punhado de gelo, uma fatia da fruta é finalmente escolhida. Um outro senhor prefere degustar a doçura de um abacaxi amarelo ouro. Mais adiante, vê-se uma barraca de frutas com fotos de Tony Ramos. O local, que vende frutas exóticas como physalis e mangostão, foi inaugurado com o nome de Barraca 13 de Maio. Porém, após aparecer na novela A Próxima Vítima, na qual Tony Ramos interpretava o feirante Juca, passou a ser conhecida como a Barraca do Juca.
Na banca de queijos Cruzília, uma senhora com um carrinho de feira repleto de ervas e hortaliças conversa com um feirante. Ela precisa de um pedaço de parmesão e outro de gruyère. Outro estabelecimento também especializado em queijos, e tradicionalíssimo no mercado, é o Levi Queijos, onde se encontra queijos de todo o mundo. Agora se o cliente necessitar de ricota caseira, deve procurá-la no Queijos Roni.
No Porco Feliz, vê-se gente escolhendo carnes exóticas. Dentre os animais disponíveis (alguns podem necessitar a encomenda), há avestruz, cabrito, capivara, ema, jacaré, javali, e até tartaruga. Outro item bastante procurado é o leitãozinho.
O Empório Chiapetta é uma das maiores bancas do mercado. Fundada por um jovem imigrante italiano, é também uma das mais antigas. Em suas instalações se encontra um leque imenso de frutas secas e cristalizadas, castanhas diversas, azeitonas e azeites importados, além do bom atendimento.
No Rei do Bacalhau e no Empório Raga, o produto mais procurado é o nobre peixe pescado em águas norueguesas e usado em receitas portuguesas. Há lombos de bacalhau com quatro dedos de espessura, com ou sem pele, desfiados ou em lascas.
Na Casa Irmãos Borges, a especialidade é o tomate seco; no Frederico Ervas, o destaque são as diversas especiarias, dentre as quais a baunilha em favas e o açafrão em pistilos; e na Santa Teresa Jamoneria, Seu Francisco, um espanhol, oferece presuntos de primeira qualidade importados de seu país, como o Pata Negra, além de saborosas morcillas.
O famoso pastel de bacalhau
Saborear o pastel de bacalhau do Mercadão é hoje um dos principais programas turísticos de São Paulo. Ícone da gastronomia, o mais disputado pastel é servido no Hocca Bar. Ao chegar ao local, o turista irá conhecer outro símbolo da capital: as imensas filas e a longa espera.
O Hocca Bar foi fundado pelos imigrantes portugueses Horácio Gabriel e Maria de Deus Ferreira em 1952. Porém, o pastel de bacalhau só entrou no cardápio recentemente. O recheio, que antes era servido dentro de uma fogazza, só passou a ser servido dentro da massa de pastel em 1993. A partir daí a iguaria se tornou um sucesso. Feito com 150 gramas de bacalhau do Porto desfiado, temperado com cebola, salsinha e bastante azeite, o recheio é coberto por uma massa fininha antes de ser frita em óleo bem quente. Ao morder o pastel, se percebe que a maciez, o aroma e o sabor do bacalhau casam perfeitamente com a crocância da massa levemente salgada. Sobre a mesa do bar, há uma lata de azeite que deve ser usada para deixá-lo ainda mais saboroso.
O gigantesco sanduíche de mortadela
O outro símbolo gastronômico do Mercadão é o sanduíche de mortadela do Bar do Mané.
O Bar do Mané foi fundado em 1933 por dois padeiros portugueses: os primos Jeremias Cardoso Loureiro e Alberto Cardoso Loureiro. No final dos anos 70, o filho de Jeremias, Manoel, o Mané que dá nome ao bar, passou a comandá-lo. Hoje administrado pela terceira geração da família (com a quarta já aprendendo o ofício), o Bar do Mané vende cerca de 800 a 900 sanduíches de mortadela por dia dentro do mercado.
O famoso sanduíche surgiu de uma brincadeira dos funcionários com um cliente chato. Antigamente, os recheios mais pedidos eram o de copa e o de salame. O de mortadela era pouco preterido por causa de sua pouca quantidade. Um cliente fiel que costumava pedi-lo sempre reclamava do recheio minguante. Até que um dos funcionários exagerou na dose de mortadela, colocando-a no pão em exagero. O cliente assustou, mas comeu o sanduíche com gosto, saboreando cada mordida de seu lanche. A partir daí não teve jeito; todos os sanduíches passaram a ser enormes.
O sanduíche de mortadela do Bar do Mané é delicioso exatamente por ser tão simples: aproximadamente 200 gramas de mortadela fatiada bem fininhas, dobradas ao meio, e postas dentro de um pão francês fresquinho e crocante. Há ainda a opção de colocar algumas folhas de alface e rodelas de tomate. Uma dica: fuja de invencionices como o recheio feito de mortadela quente, passada na chapa, que só serve para alterar o seu já delicioso sabor.
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