A escritora Rachel de Queiroz (1910/2003) dizia que a cozinha do sertão era como sua literatura: forte e generosa. A primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, que escreveu alguns dos romances fundamentais da literatura nacional, “O Quinze” e “Memorial de Maria Moura” , além de crônicas e contos maravilhosos — inclusive de ficção científica! — também era completamente apaixonada pela cozinha. Era uma gastrônoma de mão cheia.
Parte do receituário produzido por ela e familiares em sua fazenda situada em Quixadá, no sertão cearense — onde a escritora passou muitos anos de sua vida — está no livro “O Não Me Deixes: Suas Histórias e Sua cozinha”, que ela escreveu em parceria com a irmã Maria Luíza, mas só foi lançado depois de sua morte. Nele, Rachel dá uma aula de culinária simples, rústica, “sem todas aquelas técnicas de molhos e reduções “, como ela própria escreveu.
A obra também conta um pouco sobre memórias do sertão. A edição mais recente saiu pela José Olympio Editora, tem projeto gráfico e ilustração de capa do gravurista e pintor paraibano Ciro Fernandes. Custa R$ 27,00.
Em 2010, ano do centenário de Rachel de Queiroz, esse mesmo livro inspirou um Circuito Gastronômico em Fortaleza-CE. Foram 12 restaurantes servindo um prato baseado nessas receitas. Coisa bonita não é?
Mas nem só de sertão vivia a cozinha de Rachel de Queiroz. Ela era fã da cozinha lusitana e dizem que seu Bacalhau virado era famoso até no além mar…
No rol das curiosidades, a escritora teve a insólita tentativa de criar patos em sua fazenda!essa história foi contada em uma reportagem da Revista Gula, de 2010. Edição em que o chef Carlos Ribeiro testa algumas receitas do livro, entre as quais o Bolo Luiz Felipe, que publico abaixo.
Citei Carlos Ribeiro por que muitos potiguares devem conhecê-lo de seu restaurante em São Paulo (Na Cozinha) e de sua participação no Festival de Martins de 2009, quando o chef lançou até um cordel de receitas.
Mas, voltando…
Para começar a semana útil, trago a receita do Bolo Luiz Felipe. Trata-se de “um ícone da fartura e do status social no Nordeste”, disse o chef Carlos Ribeiro.
Rachel de Queiroz comentou sobre o Luiz Felipe: “… Para fazê-lo é preciso ter inspiração e, principalmente, boa mão para doces. Existem outras receitas do bolo com o mesmo nome em diferentes regiões, mas o nosso do Ceará, o do Não me Deixes, é esse”.
BOLO LUIZ FELIPE (DA FAZENDA NÃO ME DEIXES)
10 ovos (só 4 claras)
5 xícaras de açúcar
2 ½ xícaras de farinha de trigo
1 pires (cheio) de queijo ralado (queijo de coalho, ou melhor ainda, queijo do reino)
2 xícaras de manteiga
1 copo de leite puro de coco (extraído do coco fresco)
PREPARO:
Com o açúcar, faze-se a calda em ponto de pasta. Batem-se as gemas bem batidas; batem-se as claras em separado.
Quando a calda estiver no ponto e ainda fervendo, tira-se do fogo e acrescenta-se as gemas, lentamente, mexendo forte.
Em seguida acrescentam-se as claras, depois o leite de coco, a manteiga, o queijo e, por último, a farinha de trigo, lentamente mexendo com força
Põe-se numa forma com muita manteiga, polvilhada com farinha de trigo, e leva-se ao forno quente por cerca de 45 minutos. Quando pronto, deixar o bolo esfriar no forno.
Fonte -http://blog.tribunadonorte.com.br/aoponto/para-comecar-a-semana-bolo-luiz-felipe-da-fazenda-nao-me-deixes/49914
Foto - http://www.reidosbolosnh.com.br/site/ver-bolos/
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