Umbu
Quem visita as capitais do Nordeste descobre uma delicia de sabor bem peculiar, meio azedinho. É o sorvete de umbu. Mas o que muita gente não sabe é de onde vem esta fruta e as muitas histórias que ela tem para contar. Na dura labuta da caatinga, o umbu é uma bênção para o vaqueiro. Quando a fome aperta, o umbuzeiro, muitas vezes, é a salvação. Sede? Isso a raiz resolve.
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Umbuzeiro
Na seca, o pé de umbu é como uma caixa d’água. As batatas que ficam na raiz são como caçambas, chegam a acumular até 1,5 mil litros de água. Chova ou faça sol, o umbuzeiro nunca deixa de florescer na primavera. No verão, outra certeza: os frutos brotam dos galhos em grande quantidade. Por isso, ele é a árvore sagrada do sertão, como disse o escritor Euclides da Cunha.
Na época da safra, o sertanejo troca a lavoura por longas caminhadas. Pai, mãe, filhos, todos na trilha dos umbuzeiros. A safra do umbu dura quatro meses: vai de janeiro a abril.
A maior alegria para os catadores é encontrar o chão coalhado de umbu. São as frutas maduras que o vento derrubou. Na hora de catar, quanto mais rápido, melhor. Para milhares de nordestinos, o umbu é a única renda.
Um dos símbolos da caatinga, o bode é parceiro do homem quando leva os catadores aos umbuzeiros carregados. Mas quando vira concorrente, o animal atrapalha.
Uma fábrica que funciona na cidade de Uauá, no sertão da Bahia, foi criada pelos catadores com a ajuda de técnicos do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa). No local se produzem derivados do umbu, todos baseados nas receitas da doceira Jovita Gonçalves. Ela descobriu que a fruta beneficiada vale até 50 vezes mais.
"Eu levei 40 anos catando umbu em cima do umbuzeiro e levando para vender para o atravessador. Recebia aquele tantinho de dinheiro. Voltava para casa e não dava para comprar nem o açúcar”, conta a doceira.
Os doces de umbu já estão chegando às escolas da região como reforço da merenda escolar. A novidade divide opiniões e paladares.
“A tendência é o paladar deles se acostumar com os produtos", diz a nutricionista Érica Borges Gama.
Para os nutricionistas, a geléia, o suco e o doce de umbu são os alimentos mais energéticos da merenda escolar na região.
A professora Maria Spínola, pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFB), diz que o umbu ainda é uma fruta pouco estudada, mas algumas propriedades medicinais já estão comprovadas.
globoreporter.globo.com
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