As frutas de Jorge Amado

Ao viajar pela obra de Jorge Amado, é impossível não compartilhar das mesas de seus personagens, provar os gostos, os aromas e os temperos saídos das panelas de personagens como Dona Flor ou Gabriela, por exemplo. Nesta obra, a autora Paloma Jorge Amado; filha do escritor Jorge Amado; faz um passeio pelos quintais e feiras da Bahia apresentando as frutas que colorem e perfumam os romances de seu pai; entre araçás, laranjas, jenipapos, graviolas, tamarindos, bananas, maracujás, umbus, cupuaçus e jabuticabas, que criam ambientes, aproximam personagens e ainda, viram personagens, como o cacau – um poderoso senhor que comanda a vida de trabalhadores e coronéis em tantos romances do escritor.
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"O que Jorge Amado dá de comer a seus personagens?"
Para responder a essa pergunta, Paloma Jorge Amado dedicou-se a uma pesquisa paciente e amorosa. De livro em livro, coletou nomes de comida, modos de cozinha, sabores apreciados, misturas de ingredientes, combinações de pratos, bebidas leves e fortes, usos do sal e do açúcar, fatos culinários derivados da preferência ou impostos pelas circunstâncias - tudo o que alimenta e sacia a legião de personagens que povoa a literatura de Jorge Amado. O projeto resultou primeiro num livro sobre a culinária cotidiana do povo da Bahia - A comida baiana de Jorge Amado ou O livro de cozinha de Pedro Archanjo com as merendas de Dona Flor (1994, Maltese) - e prevê também um livro sobre a culinária ritual e mística, aquela que dá sustento aos orixás e seus filhos nos candomblés.
Entre um e outro há este, sobre as frutas, que "criam ambientes, aproximam personagens, viram mesmo personagens". Vestidas com uma espécie de segunda natureza - feita de palavras -, as frutas geradas pela imaginação literária de Jorge Amado são abundantes, variadas e saborosas como as verdadeiras. Recolhidas por Paloma, tornam-se ainda mais convidativas, como se fossem as peças de uma coleção muito preciosa.
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