Araticum-do-serrado ou Marolo |
Origem: Brasil
Características da planta: Árvore de tamanho variável, geralmente atingindo até 7 metros de altura, de acordo com a disponibilidade de água no solo. Folhas rígidas, dispostas caracteristicamente intercaladas na posição horizontal ao longo dos ramos. Flores frequentemente carnosas, de coloração esverdeada ou branco-amarelada.
Fruto: Tipo drupa, reunidos em infrutescências globosas ou alongadas, com as sementes presas a uma polpa branca, aquosa e mole.
Frutificação: Final do verão
Propagação: Semente
Em língua indígena guarani, segundo Maria do Carmo Sanchonete, araticum significa “fruto mole”. E é assim que ficam esses frutos, de aparência áspera e rude, ao amadurecer: desmancham-se facilmente, como quase todos os seus parentes da família das Anonáceas.
Araticum é, também, de fato, a denominação mais comum para as variedades silvestres das frutas dessa família botânica, que podem ser encontradas por todo o continente americano que fala português. Na américa espanhola, no entanto, a denominação genérica mais comum para esses frutos é “anone” ou “anona”.
Ainda no século 16, à medida que os europeus foram conquistando as novas terras e embrenhando-se pelo continente americano encontraram outras variedades de frutas similares. Muito parecidas entre si, essas frutas, segundo Clara Inés Olaya, foram todas designadas pelos conquistadores por um mesmo nome indígena – “ánon”, que, originalmente, era usado pelos nativos para a fruta-do-conde, ata ou pinha – sem reconhecer as diferentes denominações que os povos indígenas lhes atribuíam. É possível imaginar que fatos semelhantes tenham ocorrido com várias outras frutas e, particularmente, com os frutos que hoje conhecemos como “araticum” por todo o Brasil.
O araticum-do-cerrado é mais um deles. Com essa denominação ele é conhecido na região central do país, nos domínios do cerrado que ele carrega junto com o nome. Como marolo, ele é conhecido no sul de Minas Gerais e como cabeça-de-negro no norte do estado, onde é nativo e espontâneo nos enclaves de campos cerrados existentes na região.
Com um ou outro nome, esse fruto de grande tamanho é conhecido e consumido pelas populações locais, sendo comercializado nas feiras e, em especial, nas beiras das estradas na época da frutificação, cujo final coincide com o período da Páscoa católica.
Com relação à qualidade da polpa, basicamente distinguem-se dois tipos de frutos de aroma bastante forte e característico: o araricum de polpa rosada, mais doce e mais macio, e o de polpa amarelada, não muito macio e um pouco ácido. Em ambos os casos, pesquisas recentes da Embrapa, das universidades de Campinas (Unicamp) e Federal de Mato Grosso (UFMT) têm detectado altos teores de vitaminas A e C na polpa desses frutos.
A coleta e a cultura do araticum, assim como de inúmeras outras fruteiras nativas do país, são consideradas excelentes opções para a melhoria da saúde e da dieta alimentar da população brasileira, de algumas regiões, agregando valor aos recursos naturais especialmente ameaçados, como é o Cerrado.
O processo de obtenção da polpa, que pode ser congelada, no entanto, é lento, manual e de pouco rendimento. Entre as frutas nativas brasileiras que ainda não se transformaram em espécies cultivadas, o araticum-do-cerrado é uma das que apresentam o maior índice de aproveitamento culinário.
Além do consumo ao natural, são inúmeras as receitas de doces que levam o sabor perfumado e forte de sua polpa, como o pudim e a queijadinha, acrescidas também pelos sabores de outras frutas. São também consumidos na forma líquida, em batidas e refrescos; em bolos, sorvetes e cremes; em geléias e gelatinas; compotas, doces em pasta e em calda, docinhos, em geral feitos artesanalmente. Destacam-se, porém, o especial licor de araticum e o doce de leite cortado em losangos, aromatizado com seu característico perfume, receita de família guardada a sete chaves pelas quitandeiras mineiras.
Fonte: Livro Frutas Brasil Frutas
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